11 de maio de 2023

NEXTORY SPECIAL #2 - A História do Meta (Parte 2) [2006-2009]

Tá olhando o que!? Quer tomar OTK?

Olá duelistas! Sejam bem-vindos a segunda parte do nosso Nextory sobre a história do metagame de Yu-Gi-Oh! Da última vez em que estivemos aqui, falamos um pouco sobre os primórdios do meta e terminamos o último post falando sobre o icônico Goat Format. Esse foi o período que marcou uma verdadeira transição, em que o jogo saiu do chamado período clássico e entrou no que ficou conhecido como "era GX", muito por conta do anime que estava sendo transmitido na época e de suas cartas que pouco a pouco iam sendo lançadas no jogo. A verdadeira transição começou com o lançamento da coleção Cybernetic Revolution que foi mencionada brevemente na primeira parte, e foi nessa época do jogo que começou o que ficaria conhecido como "A Era do OTK", já que inúmeros Decks se utilizavam dessa mecânica na época. Ficou curioso? Então senta que lá vem história!

2006 - CYBERPUNK

Após a banlist de Setembro de 2005, o ano de 2006 começou sem um metagame consolidado. Existiam inúmeros Decks com potencial, e muitos deles se destacavam, mas talvez o mais popular deles fossem os Monarchs. Os monstros Monarchs já haviam sido lançados entre os anos de 2004 e 2005, mas nunca tinham feito parte do metagame até então, muito por conta do domínio dos monstros Chaos e pela sua dificuldade em serem Invocados, já que precisavam oferecer monstros como Tributo.

No entanto, as coisas começariam a mudar com o lançamento da coleção Shadow of Infinity, que trouxe para o jogo um monstro bastante popular e que mudaria o patamar do metagame. O Treeborn Frog poderia ser facilmente Invocado todo o turno caso estivesse no seu Cemitério e você não controlasse outra cópia dele. Com isso, se tornava muito mais fácil Invocar os monstros Monarch por Tributo e se aproveitar dos seus efeitos e eles passaram a ser um Deck de fato, e não apenas alguns monstros isolados. Os principais eram o Mobius the Frost Monarch e o Zaborg the Thunder Monarch, que ao serem Invocados poderiam destruir Magias/Armadilhas ou monstros do oponente, respectivamente, o que era suficiente para gerar vantagem e diminuir os recursos dele. Era um Deck que controlava o campo, mas que também tinha potencial para dar OTK e finalizar o jogo rapidamente.

O início do ano de 2006 também viu o surgimento de um novo e temido Deck, que ficou conhecido popularmente como Stein OTK. O Cyber-Stein foi lançado originalmente em 2004, mas apenas como uma carta promocional de torneios e por isso não era um monstro tão acessível. Mas ele foi reprintado no final do ano de 2005, na coleção Dark Beginning 2, e a partir daí passou a fazer parte do metagame após a limitação da Metamorphosis e o fim do Formato Goat.

A ideia principal do Deck era extremamente simples, mas consideravelmente arriscada. Ao custo de pagar 5000 LP, o jogador poderia Invocar um Monstro de Fusão do Deck Adicional, e na época, as melhores opções eram o Cyber Twin Dragon e o Cyber End Dragon. Uma vez que qualquer um desses monstros estivesse em campo, o próximo passo era equipá-los com a Megamorph para dobrar os seus ATK's e dar OTK no oponente. Vale lembrar que o Deck também contava com a presença do Cyber Dragon, que era importante não apenas por entrar de maneira fácil no campo e ser mais um corpo com 2100 de ATK para auxiliar no OTK, assim como ele também era usado como matéria para a Invocação-Fusão do Cyber Twin e Cyber End e também poderia Invocar o Chimeratech Overdragon através da Overload Fusion, para dar OTK no oponente.

Surpreendentemente, outro Deck que se tornou relevante durante o ano de 2006 foi o Chaos Return, a mais nova variante do Deck Chaos. Foi um Deck inesperado, que literalmente voltou das cinzas, e até mesmo por isso recebeu esse nome. O "pulo do gato" desse Deck era o uso da carta Return from the Different Dimension juntamente com o Chaos Sorcerer, em uma versão mais baseada em dar OTK no oponente, pois o Chaos Sorcerer poderia ser Invocado ao banir 2 monstros do Cemitério, e a Return from the Different Dimension, ao custo da metade dos LP poderia trazer todos os monstros banidos de volta para o campo, e assim causando uma grande quantidade de dano.

Essa vertente do Deck Chaos causou um impacto quase que imediato no metagame, e inclusive venceu o primeiro Shonen Jump Championship, realizado em meados de Abril daquele ano. O Deck dominaria o restante daquele formato, mas sofreria alguns ajustes ao longo do caminho. O Deck também passaria a usar uma pequena engine de Monarch, utilizando como base o Zaborg e principalmente o Mobius, já que aquela altura, muito por conta da banlist anterior, houve um aumento significativo no número de Armadilhas em muitas builds, e o Zaborg servia exatamente para o propósito de limpar as backrows, facilitando assim o OTK.

Existe um ditado muito popular que diz que nada é tão ruim que não possa piorar. Eu acredito nisso, mas também acredito no oposto. Nada é tão bom que não possa melhorar, e esse foi o caso do Deck Chaos. Tudo isso aconteceu graças a uma carta relativamente antiga: Last Will. A Last Will havia sido lançada originalmente em 2003, mas nunca havia sido usada de forma competitiva até então. Foi aí que o Deck Chaos encontrou a brecha para utilizá-la, sendo possível, além de jogar com o Deck Chaos, também utilizar o Stein OTK como uma engine extremamente mortal.

Tudo era muito fácil de fazer, e o jogador só precisava ter um Zaborg (ou Mobius) e a Last Will na mão. Um dos monarcas seria Invocado por Invocação-Tributo ao utilizar um dos seus monstros (podendo inclusive ser o Treeborn Frog) e ao entrar em campo destruiria cartas do oponente (sejam Spells/Traps ou monstros), assim o efeito da Last Will poderia ser ativado, trazendo um monstro com 1500 ou menos de ATK do Deck para o campo, e esse monstro era o Cyber-Stein. A partir daí, o OTK estava formado. Se utilizando do efeito do Cyber-Stein, era possível Invocar qualquer monstro de Fusão com alto poder de ATK e causar exatos 8000 de dano para o oponente. Esse combo ficou conhecido graças a Calvin Tsang, um duelista que resolveu arriscar e usou esse combo pela primeira vez nos regionais do Canadá, e venceu o torneio. E a partir daí o Deck Chaos Return passou a aparecer em praticamente todos os Top 8 dali em diante, e quase todos se utilizando dessa engine, que é considerado por muitos como o primeiro 2-card combo do jogo.

Por conta do potencial do Deck Chaos Return, em Setembro de 2006 foi lançada uma nova Banlist, que varreu por completo o metagame ao banir o Chaos Sorcerer e o Cyber-Stein, dando fim ao famoso Stein OTK. Outras staples como Snatch Steal e Tsukuyomi também foram banidos, assim como o Thousand-Eyes Restrict. Essa Banlist inclusive ficou conhecida como a primeira "Banlist de Emergência" do jogo, já que foi lançada muito antes do previsto. Até então as listas eram lançadas de 6 em 6 meses, nos meses de Abril e Outubro, contudo a lista foi antecipada para Setembro por conta do grande poder que esse Deck tinha.

Com tudo isso, outro Deck que voltou a aparecer foram os Monarchs, mas dessa vez jogando de uma maneira um pouco diferente. Nas builds anteriores, os Monarchs sempre utilizaram muitas Armadilhas no intuito de controlar o jogo pouco a pouco, mas um duelista chamado Lazaro Bellido chamou atenção do metagame ao utilizar uma estratégia nova para o Deck, que mais tarde ficaria conhecido como Spice Monarchs e que seria o precursor do Deck Chain Burn. A ideia era abandonar as Armadilhas e se concentrar na maior utilização de monstros que serviriam como Tributo e que entravam de maneira fácil em campo, como o Cyber Dragon ou o Treeborn Frog, e por conta disso, ao invés de utilizar o Mobius, o Thestalos the Firestorm Monarch passou a fazer parte das builds. Sendo assim, os Monarchs passaram de um Deck que controlavam o jogo, para um Deck também com potencial de dar OTK.  Eles também passaram a utilizar cartas como Soul Exchange, Enemy Controller e Brain Control para tomar o controle de monstros do oponente e utilizá-los como Tributo, sendo uma forma diferente e não muito convencional de ser livrar de monstros para aquela época. Outro monstro que se tornou popular na época foi o Gravekeeper's Spy, que ao ser flipado poderia Invocar outra cópia dele mesmo, servindo posteriormente como um Tributo.

O Deck Chaos Return de Calvin Tsang

2007 - THE VARIETY COMES OUT!

O ano de 2007 começou com a ascensão de um Deck que começou a aparecer de fato no final de 2006, sendo considerada uma variante mais forte e potente do Spice Monarch. O Deck Chain Burn cresceu de popularidade graças a chegada da carta Chain Strike, lançada na coleção Cyberdark Impact. A ideia do Deck era de ativar inúmeras cartas diferentes, criando Chain Links cada vez maiores, para então zerar rapidamente os pontos de vida do oponente. Para isso, cartas como Jar of Greed, Accumulated Fortune e Reckless Greed, além de outros compradores genéricos eram utilizados.

Com isso, era possível criar intermináveis Chain Links enquanto adicionava mais cartas para a mão, e se fossem Magias de Ativação Rápida poderiam ser ativadas, para gerar mais e mais correntes. Assim, o Deck causava grande quantidade de dano ao oponente de uma única vez, e mesmo que não o matasse em um único turno, já causava grande desvantagem. Uma característica curiosa para a época é que o Deck de Chain Burn, diferentemente do padrão, não costumava utilizar muitos monstros, e por isso a quantidade de removals de Backrows começaram a aumentar, já que o Deck utilizava muitas "Battle Traps" para se defender e sobreviver ao próximo turno.

Apesar da popularidade do Chain Burn, o Deck que de fato chamaria mais atenção no início de 2007 seria o Chimeratech OTK. Agora que o Cyber-Stein não estava mais disponível, o Deck tinha foco em Invocar seus Monstros Fusão através das recém-lançadas Future Fusion (sem errata, diga-se de passagem) e Overload Fusion, para Invocar rapidamente o Chimeratech Overdragon com um altíssimo poder de ATK e que poderia atacar inúmeras vezes por turno.

O principal foco do Deck era em conseguir comprar as duas principais cartas do combo: Future Fusion e Overload Fusion. A primeira delas poderia enviar de uma vez só mais de 10 monstros para o Cemitério pelo seu efeito, e depois disso a Overload Fusion poderia Invocar por Invocação-Fusão o Overdragon diretamente do Deck Adicional ao banir as matérias listadas nele diretamente do Cemitério, e isso incluía o já citado Cyber Dragon. Fazendo as contas, o Chimeratech Overdragon ganharia 800 de ATK para cada matéria usada em sua Invocação, totalizando no mínimo 8000 de ATK e possibilitando com que ele pudesse atacar até 8 vezes. Isso por si só já era suficientemente forte para a época e poderia matar o oponente rapidamente. Um detalhe importante é que, diferente de uma parte dos Decks da época o Chimeratech OTK não costumava usar muitas Armadilhas, e as que eram utilizadas, em sua grande maioria eram cartas de compra como Reckless Greed e derivadas. Pode-se dizer que esse foi o primeiro Deck de "combo" do jogo.

Outro Deck que fez uma aparição no início de 2007 foi o Diamond Dude Turbo. Tudo isso foi possível graças a chegada de 2 novas cartas extremamente poderosas para a época. O primeiro deles foi o Destiny HERO - Malicious, lançado em Fevereiro daquele ano. O outro foi o Elemental HERO Stratos, lançado em meados de Março. 

A ideia do Deck era se utilizar de 3 cópias da Monster Gate e Reasoning para encher o Cemitério de monstros do Tipo Guerreiro e posteriormente bani-los pelo efeito da Divine Sword - Phoenix Blade, utilizando o efeito do Destiny HERO - Diamond Dude como auxiliar, já que o mesmo poderia enviar Magias para o Cemitério. Depois disso, os monstros banidos seriam revividos com o efeito da Dimension Fusion, enchendo o campo de monstros que posteriormente poderiam ser Tributados para Invocar algo mais forte, ou que seriam utilizados para dar OTK. O Deck se mostraria como sendo extremamente consistente graças a cartas como Destiny Draw e o próprio Stratos, que poderiam buscar com facilidade as cartas chave do Deck, e assim finalizar o jogo rapidamente. Foi algo tão revolucionário para a época que na Banlist de Março, apenas 2 semanas após ser lançado no TCG, o Elemental HERO Stratos foi Limitado, assim como a Overload Fusion e a Chain Strike. Vale salientar também que foi nessa lista que a Graceful Charity foi finalmente banida.

Depois da Banlist, que praticamente resetou o formato, começaram a surgir Decks baseados em uma carta que também havia sido lançada recentemente. O Card Trooper surgiu na época como um monstro Máquina com grande potencial, pois poderia enviar até 3 cartas para o Cemitério e ganhar 500 de ATK para cada, e é como diz o ditado: "em terra de OTK, o Card Trooper é rei", e assim foi. 

A primeira variante do Deck foi a Bazoo Trooper, que tentava se aproveitar o efeito do Bazoo the Soul-Eater, para banir as cartas miladas pelo efeito do Trooper, e depois utilizar a Dimension Fusion para trazê-los de volta. A ideia era boa, foi popular, mas não vingou muito, pois o Deck não tinha tanta consistência. Foi a partir daí que surgiu a segunda e mais popular vertente do Deck, que ficou conhecida como Troop Dupe Scoop. A ideia era Invocar a primeira cópia do Card Trooper, e depois ativar a Machine Duplication, para Invocar outras duas cópias dele. A partir daí, cada Card Trooper poderia enviar 3 cartas para o Cemitério, ficando com 1900 de ATK no total, e após usar a Limiter Removal e dobrar o ATK de cada um deles, era muito mais fácil dar um OTK no oponente e finalizar o jogo. Essa pequena engine se tornou muito popular em outros Decks também, como Machine Beatdown e o Chimeratech OTK, pois ainda podia se aproveitar do efeito da Overload Fusion, e o seu resultado foi tão expressivo que o Card Trooper acabou sendo limitado na Banlist de Setembro daquele ano, assim como semi-limitaram o Malicious e a Destiny Fusion, praticamente sacramentando o fim do Diamond Dude Turbo.

Com praticamente todas as principais estratégias do meta tendo sido mexidas na Banlist, outro Deck acabou retornando das cinzas. Os Monarchs estavam de volta, mas dessa vez de uma forma diferente. O Deck Perfect Circle Monarch utilizavam os mesmos monstros Monarchs de sempre, mas passaram a utilizar uma engine de draw e spam com a Destiny Draw e o Malicious, onde conseguiam comprar cartas e utilizar o Malicious como Tributo para trazer seus monstros. Além disso, o Perfect Circle Monarch também passou a utilizar de uma nova carta, recém-lançada na época, e que deu nome ao Deck.

O Light and Darkness Dragon surgiu como o principal monstro boss do Deck depois de muito tempo. Enquanto os Monarchs eram potentes apenas quando Invocados, o Light and Darkness tinha a capacidade de interagir com o oponente em ambos os turnos e de forma contínua, algo extremamente novo para a época. Podemos dizer que o Light and Darkness foi o primeiro omni-negate do jogo, e por isso era extremamente forte. Ao "custo" de perder 500 de ATK, o Light and Darkness poderia negar a ativação de um efeito de Monstro, Magia ou Armadilha e quando fosse destruído e deixasse o campo, trazia de volta um monstro do Cemitério. Era o "círculo perfeito" e trazia o que faltava no Deck Monarch e que foi o responsável por trazê-los de volta ao meta.

Troop Dupe Scoop em 2007

2008 - O FORMATO "DAD"

Lançado em Janeiro de 2008, na coleção Phantom Darkness, o Dark Armed Dragon, ou popularmente chamado de DAD foi uma carta que mudou completamente o cenário do Metagame, criando o que hoje conhecemos como o formato "DAD". O primeiro Deck de maior relevância nesse contexto foi o Return DAD, que era totalmente focado em monstros de TREVAS e em banir cartas. Cartas como Allure of Darkness, Dark Grepher e Armageddon Knight também haviam sido lançadas na mesma coleção e se tornaram as cartas chave do Deck.

A ideia do Deck era trazer o Dark Armed Dragon o mais rápido possível para o campo, controlando enquanto enviava recursos para o Cemitério. A partir daí, o Dark Armed Dragon poderia ativar seu efeito continuamente e destruir inúmeras cartas no mesmo turno, e para isso, se utilizava da engine da Destiny Draw e Malicious, além de conseguir dar OTK pelo efeito da Return from the Different Dimension para trazer de volta ao campo todos os monstros de TREVAS que haviam sido banidos para ativar o efeito do Dark Armed Dragon. O Deck teve resultados positivos no primeiro torneio que participou na época, mas não chegou a vencer, pois outros Decks também começaram a se destacar no formato. Contudo o formato DAD estava longe de acabar, e eles fariam seu retorno triunfal em breve.

Outro Deck que tinha certa relevância no início de 2008 foi o Kaiba Control. Esse Deck era mais um dos Decks de FTK enfadonhos da época, mas num cenário não tão veloz conseguiu certo destaque. A premissa era simples, e girava em torno de continuamente ativar o efeito de 
4 cartas: Shadowpriestess of Ohm, Dark Magician of Chaos, Dimension Fusion e Spell Economics.

A Shadowpriestess tem um efeito que a permite oferecer um monstro de TREVAS como Tributo e causar 800 de dano ao oponente, e obviamente isso não era uma vez por turno. Assim a ideia era oferecer como Tributo o Dark Magician of Chaos e com isso ele seria banido por seu próprio efeito. O próximo passo depois disso era ativar a Dimension Fusion para reviver o Dark Magician of Chaos que havia sido banido, e assim, quando ele fosse Invocado poderia buscar novamente a Dimension Fusion do Cemitério para a mão, podendo fazer o loop novamente. A Spell Economics servia para burlar o custo de pagar 2000 LP, podendo fazer isso continuamente e de forma controlada, até zerar os pontos do vida do oponente. O Deck não durou muito no meta, mas foi consideravelmente forte para ser listado aqui. Uma curiosidade é que, apesar de não ter nenhuma carta do Kaiba envolvida nesse combo, o Deck recebeu esse nome pois o seu criador Erin Diaz, tinha como personagem favorito no Anime o Seto Kaiba.

Foi com o lançamento da coleção Light of Destruction que o TCG experimentou mais uma mudança no metagame, com a chegada de 2 novos Arquétipos extremamente fortes: Gladiator Beast e Lightsworn. Na verdade, tecnicamente os Gladiator Beast já haviam sido lançados em 2007, mas foi a partir da chegada do Gladiator Beast Gyzarus que eles passaram a de fato participar com mais efetividade do metagame, sendo o primeiro Deck a fazer fusão sem usar nenhuma carta de fusão específica, e sim por mecânica, através do que hoje chamamos de Contact Fusion, algo que foi totalmente revolucionário para a época.

Já os Lightsworn conseguiam rivalizar com o Return DAD graças ao Judgment Dragon, que entrava em campo de maneira similarmente fácil (ao possuir 4 ou mais Lightsworns no Cemitério), e como o Return DAD destruía cartas continuamente, ficar com o Cemitério lotado de monstros não era nenhum problema. Uma vez em campo, o Judgment poderia, simplesmente ao custo de pagar 1000 LP, destruir todas as outras cartas no campo de uma só vez, incluindo o DAD e todas as Backrows que o protegiam, sem contar que ele possuia 3000 de ATK, sendo o Boss Monster mais forte dentre todos os outros do meta, e assim foi possível para eles rivalizarem com os Decks do meta.

Return DAD em meados de 2008

2009 - A ERA SYNCHRO E O TELE-DAD

O ano de 2009 seria um ano de completa transformação na história do jogo, com a chegada dos Monstros Synchro no final do ano anterior, derivados no Anime Yu-Gi-Oh! 5D's e que traziam consigo um novo "sub-tipo" de monstros, chamados de Tuners, que seriam utilizados juntamente com outros monstros para Invocar um monstro do Extra Deck cuja Nível fosse igual a soma dos Níveis dele, mas apesar das opções serem relativamente poucas, muitos Decks passariam a se aproveitar dessa nova mecânica, e o principal deles seria o antigo Return DAD.

Agora chamado de Tele-DAD, o Deck passou não só a se aproveitar do efeito do Dark Armed Dragon, mas passou também a utilizar uma nova engine que serviria tanto para Invocar Monstros Synchro, mas também para encher o campo de monstros e facilitar um potencial OTK. O Krebons era um monstro Regulador de Nível 2, e poderia ser Invocado graças ao efeito da Emergency Teleport, uma carta que se mostraria muito importante para esse formato. Uma vez em campo, você poderia utilizá-lo de forma conjunta com qualquer outro monstro de Nível 4 para Invocar o poderoso Goyo Guardian (na época em que ele não possuía errata), um poderoso monstro de Nível 6 com 2800 de ATK e que poderia tomar o controle dos monstros que fossem destruídos em batalha por ele, algo muito similar ao que a Snatch Steal fazia na época em que era permitida, mas de maneira ainda mais avassaladora. Para se ter ideia da dominância desse Deck no formato, apesar de não ter vencido o primeiro evento no qual apareceu, ele estava presente em pelo menos 60% de todos os Decks do Top 16, o que ainda seria pouco comparado com o que estava por vir.

Foi então que em fevereiro surgiu uma nova variante do Deck Tele-DAD, que ficaria conhecida pelo nome de Zombie Synchro DAD, ou apenas Zombie Synchro. A ideia do Deck seguia praticamente a mesma, mas agora também se aproveitava do recém lançado Plaguespreader Zombie, um Regulador de TREVAS que poderia ser revivido facilmente do Cemitério, servindo não apenas como um extensor de jogadas mas também como parte da estratégia por conta do seu Atributo. Outra carta bastante interessante e que se tornou uma staple praticamente obrigatória no Deck era a Card of Safe Return, permitindo com que o jogador comprasse 1 carta sempre que 1 monstro fosse Invocado do Cemitério, o que casava perfeitamente com a ideia do Deck.

O Deck também passou a utilizar os recém lançados Goblin Zombie e Mezuki para adicionar ou reviver as principais peças do combo, enquanto "limpavam" o Cemitério ao se banirem, deixando um espaço aberto para que o Dark Armed Dragon pudesse ser Invocado com facilidade, além de gerar cada vez mais vantagem, comprando entre 3 e 6 cartas no mesmo turno pelo efeito da Card of Safe Return, e assim o Deck ia ganhando terreno, Invocando Monstros Sincros e limpando o campo do oponente.

Com a alta predominância do Zombie Synchro ou dos Tele-DAD's, houve uma mudança significativa na forma com a qual os Decks passaram a ser montados, e uma carta em específico passou a ganhar destaque. A Royal Oppression havia sido lançada oficialmente em Junho de 2003 na coleção Legacy of Darkness, mas foi a partir do ano de 2009 que passou a aparecer com mais frequência nos Decks, muito por conta da mudança de estrutura pela qual o jogo estava passando. Antes da chegada da Era Synchro a Invocação-Especial até fazia parte do jogo, mas em uma escala completamente menor, mas com o aumento considerável delas, a Royal Oppression passou a ser uma staple quase que obrigatória em todos os Decks, inclusive nas próprias vertentes do DAD. 

Ao custo de pagar 800 LP, você poderia negar qualquer Invocação-Especial ou qualquer efeito que Invocasse um monstro por Invocação-Especial, quantas vezes pudesse no mesmo turno. O que a priori serviria para combater o Deck Tele-DAD e suas vertentes acabou também se tornando o seu maior aliado, já que, uma vez com o campo estabelecido o próprio Tele-DAD poderia negar as Invocações do oponente e ir minando seus recursos ou tentativas, e no turno seguinte finalizar o jogo. Foi a partir desse momento que a ideia de "ganhar no dado" se mostrou ainda mais relevante do que o que já era e os antigos Decks do formato, como Gladiator Beast e Lightsworn não conseguiram mais acompanhar o assustador crescimento do Tele-DAD e suas vertentes.

Contudo, foi na Banlist de Março de 2009 que a Konami resolveu cortar o mal pela raiz. Dark Armed Dragon, Emergency Teleport e Goyo Guardian foram limitados, além do Destiny HERO - Malicious, Destiny Draw e Allure of Darkness terem sido semi-limitados. Com isso, o Deck Tele-DAD perdeu muito do seu poder, e foi a partir daí que novos Decks passaram a fazer parte do metagame, com o mais notável deles sendo o famoso Synchro Cat.

Esse Deck era extremamente versátil, e por conta disso tinha fácil acesso a praticamente dos os Monstros Synchros existentes na época, além de poder abusar do Dark Strike Fighter, que era de longe o Synchro mais forte até então. Com apenas 1 Summoner Monk e duas Magias quaisquer na mão era possível fazer esse combo. O primeiro Summoner Monk invocaria o segundo, que traria o Rescue Cat para o campo. Com o seu efeito, ele poderia, ao custo de se enviar ao Cemitério Invocar 2 monstros Besta de Nível 3 ou menor, que nesse caso eram os Reguladores X-Saber Airbellum. A partir daí, seria possível Invocar 2 cópias do Dark Strike Fighter para o campo, atacar diretamente com ambos e depois finalizar o jogo com seu efeito, Tributando uns aos outros para causar 2800 de dano ao oponente. O combo em si era bastante forte e consistente, mas o Deck também tinha acesso a outras jogadas graças a sua enorme consistência, mas ele não chegava nem perto do patamar do antigo Tele-DAD e por isso haviam outros Decks no páreo.

Um exemplo disso era o Deck Blackwing, que conseguia de forma consistente fazer spam de monstros do próprio Arquétipo e Invocar poderosos Monstros Synchro. Uma das principais cartas era (e ainda é) a Black Whirlwind que podia adicionar um monstro Blackwing do Deck para a mão sempre que um monstro Blackwing fosse Invocado por Invocação-Normal, e com isso era possível constantemente adicionar cartas do Deck para a mão e manter boa vantagem de campo, já que boa parte dos Blackwings se Invocavam caso você controlasse outro monstro Blackwing.

Dentre esses monstros, vale destacar o Blackwing - Gale the Whirlwind, que além de ser um Regulador que entrava facilmente em campo, ele ainda poderia diminuir o ATK de um monstro do oponente pela metade e facilitar um possível OTK, pois o Deck tinha extremo potencial de realizá-lo. E de lado positivo é que eles não ficavam presos a apenas Synchros genéricos, mas os próprios Synchros do Arquétipo eram suficientemente bons e davam a o Deck um tom de exclusividade, já que somente eles conseguiam acessar esses monstros. Tamanha força foi vista ainda ao longo do ano de 2009, quando o Deck Blackwing faturou o campeonato mundial.

Decklist campeã mundial de 2009 (Blackwing)

O formato então chegou ao fim apenas no final do ano de 2009 com a Banlist de Setembro impactando diretamente os dois Decks principais. Rescue Cat e Blackwing - Gale the Whirlwind foram limitados, e além disso Dark Strike Fighter e a Crush Card Virus foram finalmente banidas, além da Card of Safe Return, que era uma staple comum em alguns Decks da época. Assim, com esses Decks fora de combate um novo e temido Deck estava por vir, mas isso só veremos na terceira parte do nosso post.

Espero ver vocês de novo em breve!
Até a próxima, pessoal!

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